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sábado, 17 de setembro de 2011

LAMPIÃO NO CARIRI

A VERDADEIRA HISTÓRIA SOBRE A PATENTE DE CAPITÃO DE VIRGULINO FERREIRA DA SILVA (LAMPIÃO)

Lampião dificilmente realizava ataques no Ceará, especialmente no Cariri, pois, segundo o próprio cangaceiro, não tinha inimigos no estado e respeitava a região por ser a terra de Padre Cícero, de quem era devoto. Se por um lado não tinha inimigos cearenses, por outro sobravam "coiteiros", como eram designados aqueles que davam abrigo e proteção aos cangaceiros. O principal "coiteiro" de Lampião no Cariri era o Coronel Isaias Arruda, do município de Aurora. Aliás, foi de Aurora que Lampião partiu para seu mais ousado (e fracassado), plano: assaltar a agência do Banco do Brasil de Mossoró, Rio Grande do Norte.


Em 13 de junho de 1927, os cangaceiros invadiram Mossoró, mas foram recebidos a bala, e após cerca de quarenta minutos de intenso combate, bateram em retirada rumo a Limoeiro do Norte no Ceará. Fortalecida após a vitória, a Polícia potiguar, com apoio das Polícias da Paraíba e do Ceará, partiu no encalço do bando. Acuado, o bando rumou para o Cariri. Houve confrontos nas localidades de Riacho do Sangue (Jaguaretama), Cacimbas (Icó), Ribeiro e Ipueiras (os últimos em Aurora). O bando seguiu para a Serra do Góes (Caririaçu), entretanto, sendo informado por um simpatizante que o município estava entricheirado esperando pela chegada dos cangaceiros, Lampião decidiu ir para Milagres. De lá foi para Piancó na Paraíba e depois para Pernambuco, conseguindo finalmente despistar as forças policiais.

Lampião esteve em Juazeiro do Norte uma única vez, no ano de 1926. Naquele ano, a Coluna Prestes percorria o Brasil desafiando o Governo Federal. Para combatê-la, foram criados os chamados Batalhões Patrióticos. O Coronel Góis Monteiro (ao lado), chefe do Estado-Maior e responsável por combater a Coluna, recrutava cangaceiros para auxiliar as tropas militares, em troca lhes dava anistia. Floro Bartolomeu, líder do Batalhão Patriótico de Juazeiro, ciente de que Prestes e Lampião já haviam se enfrentado uma vez e que estavam em território cearense, enviou carta para Lampião convidando-o a se juntar ao Batalhão Patriótico e oferecendo-lhe, em troca, a anistia do Governo Federal, a patente de Capitão e o encontro com Padre Cícero. Entretanto, o sacerdote não sabia da aliança.


Em 04 de março de 1926, Lampião e outros 49 cangaceiros chegaram a Juazeiro com o intuito de servir ao Batalhão Patriótico. Floro Bartolomeu, que estava muito doente em virtude de angina, se encontrava no Rio de Janeiro, onde faleceu quatro dias após. Coube a Pedro de Albuquerque Uchoa, na época o único funcionário público federal no municípo, entregar armas, anistia e a patente de Capitão ao Rei do Cangaço. Pedro de Albuquerque não tinha competência para tais atos, mas mesmo assim rabiscou em uma folha de papel que os cangaceiros tinham sido anistiados e que a partir daquele dia Lampião estaria a serviço do Governo na condição de Capitão. Tempo depois, ao ser questionado sobre o fato, Pedro de Albuquerque disse que na frente de Lampião assinaria qualquer coisa que o cangaceiro exigisse, até a destituição do Presidente da República!


Ao encontrarem Padre Cícero, Lampião e seus homens se ajoelharam, mas foram supreendidos ao ouvir o sacerdote aconselhá-los a abandonar o cangaço. Vendo que tinha sido vítima de uma farsa, pois não seria anistiado e Padre Cícero não o tinha convocado, Lampião deixou Juazeiro levando as armas do Batalhão Patriótico e sem jamais voltar a enfrentar a Coluna Prestes.


Bibliografia:
*BORGES, Raimundo de Oliveira. Serra de São Pedro: História de Caririaçu. Fortaleza: ABC Editora: 2009.
*COUTINHO, Lourival. O General Góes Depõe... Rio de Janeiro: Editora Coelho Branco, 1956.
*SOUZA, Anildomá Willans. Lampião: Nem herói nem bandido... A história. Serra Talhada: GDM Gráfica, 2006.
*TAVARES, Amarílio Gonçaves. Aurora: História e Folclore. Fortaleza: IOCE, 1993.
Capturado on-line de: http://orodape.blogspot.com/2009/10/lampiao-no-cariri.html em 17 de setembro de 2011.

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