google.com, pub-5144189149288397, DIRECT, f08c47fec0942fa0

NOVIDADES DO BLOG

segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

OS PRIMEIROS POVOADORES DO CARIRI E EXTERMÍNIO DOS ÍNDIOS


Por: Jonas Klebio Landim Santana
Da obra: Ceará Homens e Fatos (João Brigido)

A primeira expedição para exploração do Cariri cearense foi feita por Medrado ou algum outro aventureiro. Mas essa primeira invasão não passou de um simples reconhecimento e somente serviu para indicar o caminho a novos aventureiros. 
A tradição e alguns documentos dão como primeiros povoadores do Cariri o coronel João Mendes Lobato; Bento Correa Lima no Riacho dos Porcos; Bento Diniz Barbosa e João Corrêa Arnaud em Missão Velha; Manoel Rodrigues de Ariosa em Porteiras, antigamente Lagoa do Ariosa; João de Souza Gularte na Lagoa de Luiz Correa; João de Miranda Medeia no Miranda;  e alguns outros portugueses e brasileiros, quase todos da Bahia e Sergipe.

 Figura 01

Alguns frades capuchos, enviados de Pernambuco logo depois do descobrimento, foram servindo de chefes e essas nascentes populações e catequizaram os índios, primeiro em Missão Velha, depois no Miranda, sítio onde o riacho desse nome faz barra na corrente Batateira.
Como vimos, ali não se fez aldeamento. Os índios vieram estabelecê-lo um pouco mais adiante, no lugar em que está hoje à cidade do Crato, muito tempo conhecido por Missão do Miranda
Os índios do Crato foram os mais numerosos que se arraialaram no Cariri.
Congregados no Miranda atravessaram o riacho, da ponte, e vieram aldear-se  em uma pequena eminência, justamente onde hoje está o quadro da Matriz do Crato (figura 2). Ali lançaram os fundamentos do templo, que serve agora de matriz, ou antes, fizeram uma pequena capela, que ficou sobre a regência do padre missionário.

 Figura 02

 Além dos exercícios religiosos, para que eram chamados os índios ocupavam-se da caça e plantavam em um brejo que ficava em frente do arraial, o qual está hoje aterrado e nenhum vestígio apresenta de seus antigos pântanos nem de uma lagoa, ora convertida em plano e duro chão. Além da capela e de uma cabana de palha no fundo desta, servindo de aposento ao missionário, algumas escolas havia em torno da lagoa e, mais ou menos no lugar onde foi a antiga ribeira, havia uma longa casa igualmente coberta de palha, com aviamentos de fazer farinha. Ali os índios, homens e mulheres, trabalhavam por tarefa, debaixo da voz de um feitor índio e de um diretor branco. Ora ficavam para se vestir, ora manipulavam a mandioca para se sustentar; tudo em perfeita comunhão.
Havia uma ordem expressa da corte de Portugal, desde 1764, para que nenhum índio saísse de sua aldeia sem uma licença, e isso somente quando tivessem de ser tomados à soldada (pagamento de taxa).


Figura 03

Essa soldada foi mesmo taxada pelo senado da câmara de Icó, não só para os cariris como também para os outros índios.
Conforme acórdão de 1767, um índio de 15 a 60 anos ganharia anualmente 4$800, e os de 12 a 15 anos, 3$000 rs., obrigados os amos a lhes dar que comer e vestir, a curá-los nas moléstias, a ensinar-lhes a doutrina cristã e a fazerem-nos confessar cinco vezes por ano.  Um índio que se aplicasse a aprender um ofício mecânico faria 6 anos de aprendizado em favor do mestre, depois do que ganharia 100 rs. Diários. Um que fosse oficial ganharia 20$000 anuais. Quanto às mulheres, a única obrigação do amo era casá-las.
Houve muitos abusos. Alguns índios foram reduzidos a escravidão pela avareza dos locatários. Tal era a vida que levavam aqueles que tinham sido senhores exclusivos do País!
Fosse mau-trato ou falta de boa administração, logo que, pelo fato da criação da Vila do Crato, deixou de ser tão absoluto o império que os missionários tinham sobre os índios, estes principiaram a dispersa-se e mesmo a se perverter. Os de Miranda, tendo matado um dos seus chefes indígenas, foram, por ordem do sargento-mor, que residia em Missão Velha, transferidos para ali, de sorte que, ao instalar-se a vila do Crato, já não existia no seu local uma aldeia propriamente. Finalmente os índios do Miranda e todos os que existiam no Cariri, em vistas de ordens do governador geral de Pernambuco, José César de Menezes, tiveram de deixar o seu país e seguir para os aldeamentos do litoral.


 Figura 04

O ouvidor José da Costa Dias e Barros foi quem as executou e desde 1780 essa gente infeliz deixou Missão Velha, condenada a ir longe de sua pátria definhar na miséria e perecer da bexiga e outros males, que à porfia procuravam exterminá-los.  

______________________________________________________

Imagens capturadas em: 
http://www.historiabrasileira.com/brasil-colonia/confederacao-dos-cariris/
www.ceara-turismo.com/mapas/cariri.htm&docid=Pz9d986wEPS9jM&imgurl

Texto retirado da obra: 
BRIGIDO, João. Ceará Homens e Fatos. Classicos Cearences, 2001.

Nenhum comentário:

Postar um comentário